terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O Brasil que só o Inglês viu

O Brasil que só o Inglês viu

Claunara Schilling Mendonça – Diretora do Departamento de Atenção Básica do MS

Tiago Santos de Souza - Jornalista SAS/MS

Qual a diferença na área da saúde entre os Estados Unidos e o Canadá? O modelo adotado. Os americanos investem em hospitais e equipamentos de ponta para tratar doenças, os canadenses optaram por promover a saúde e evitar enfermidades e formar médicos de família. Qual país os EUA querem copiar para sair da crise na saúde? O Brasil.

Se você nunca ouviu falar em Alma-Ata, provavelmente não saiba do que estamos falando. Foi a assembléia da OMS de 1978, que apontou princípios éticos para os países: saúde é direito; os governos são responsáveis pela saúde dos seus cidadãos; as desigualdades são inaceitáveis e deve haver uma reorientação das práticas de saúde com a participação da população nas decisões no campo da saúde. Em 30 anos, a OMS reafirma aos países, em seu mais recente relatório, qual reorientação de modelo de atenção: Atenção Primária à Saúde: Agora mais Necessária que Nunca! E pela primeira vez cita o Brasil nesse esforço. Nosso país vive uma revolução silenciosa,abafada principalmente por quem lucra com doença: planos de “saúde”, indústria de equipamentos e de medicamentos, grupos de interesse mais organizados na arena política e com muito dinheiro, poder e influência.

O British Medical Journal, do dia 29 de novembro último, publicou duas longas reportagens sobre a saúde brasileira, com elogios que fariam qualquer ministro da saúde do mundo convocar coletiva para comentar o caso. Aqui, apesar das tentativas do Ministro Temporão, não se publicou uma linha. Jornais, televisões e rádios não podem falar sobre um assunto que atrapalha seus anunciantes e essa luta, que envolve milhares de brasileiros, continua gritando no vácuo. Entoar o mantra de que a saúde pública é cara e que a iniciativa privada tem que tomar conta vem convencendo principalmente a classe média que gasta milhões em planos de saúde, com resultados catastróficos quando se avalia o resultado na saúde das pessoas: esperança de vida ao nascer, anos de vida ganhos, prevenção de complicações das condições crônicas como infarto e acidente vascular cerebral ou diagnóstico precoce e tratamento adequado de câncer.

A renúncia fiscal dos planos de saúde representa metade do valor do financiamento federal da Saúde da Família que foi de 10 bilhões em 2010. A Saúde da Família, forma brasileira de ofertar atenção primária à saúde, é responsável pela atenção á saúde de mais de 95 milhões de brasileiros, enquanto os planos privados atingem 25% dos brasileiros, 40 milhões de cidadãos. Essas pessoas não desoneram o Sistema Único de Saúde, pois o acesso á tecnologias de alto custo como transplantes, hemodiálise e medicamentos excepcionais são ofertas praticamente exclusivas do SUS. Voltando á comparação entre USA e Canadá, visto que grande parte dos planos privados no Brasil é empresarial. O sistema público canadense também estimula os negócios no país: o custo com saúde é de 1.5% da folha de pagamento dos fabricantes canadenses contra 9% nos EUA.

A segunda reportagem do jornal inglês alerta: o sucesso econômico e o crescimento da classe média brasileira (que não acredita no SUS), fez diminuir o financiamento da saúde pública e a experiência “que outros países com orçamento maior podem aprender” corre o risco de naufragar. Outro equívoco estimulado por quem lucra com doença é de que o Programa Saúde da Família é para pobres. Na verdade é o modelo adotado pela Holanda, Dinamarca, Espanha, Inglaterra e todos os que ocupam as primeiras posições no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano. A ideia é simples e eficaz, não descubra o diabético em uma emergência, conheça e eduque quem tem tendência a diabete para evitar que ele venha a fazer hemodiálise ou amputação.

O trabalho da Atenção Primária à Saúde exige a educação e o envolvimento de toda sociedade, que ignora o assunto e trabalha pelo sonho de contratar planos privados de saúde. Hoje o Brasil investe mais dinheiro em saúde privada do que em saúde pública e para que tenhamos um Sistema Único de Saúde forte é necessário cidadãos satisfeitos com os serviços que recebem e que defendam o modelo público, aprovando o financiamento necessário para sua manutenção.

O lobby contrário ao crescimento da Atenção Primária à Saúde é tão forte que essa discussão foi ignorada pelo marketing político nas últimas eleições. Além da questão ideológica da Saúde como direito e de como o SUS se organiza para ofertar os serviços, temos que tornar de interesse nacional a discussão de como se dá essa oferta dos serviços de saúde. A sociedade brasileira deve participar da política de saúde se posicionando frente aos interesses econômicos de quem “vende” doenças, ou seus tratamentos. Laboratórios e hospitais lucram menos se há menos doentes.

As reduções nas taxas de mortalidade infantil, de internações hospitalares por infarto, hipertensão e diabetes são frutos de uma cobertura superior a 51% da população pelas equipes de Saúde da Família e seu exército superior a 243 mil agentes de saúde. O acesso à saúde é um direito de todos e o nosso dever é ser participante da nossa comunidade, efetivando o princípio de descentralização do SUS e rompendo com o paradoxo ético do SUS: quem o defende não o utiliza. Todo brasileiro(a) com uma equipe de Saúde da Família que o cuide é defender um Ministério da Saúde e não o “da doença” e participar de um Brasil que só o inglês viu.


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Editorial da British Medical Journal relata os resultados positivos alcançados pelo Programa de Saúde da Familia

Os mesmos explicitam a dinâmica de trabalho das equipes de saúde da familia e destacam o papel pró-ativo do agente comunitário de saúde na promoção e educação em saúde, além da prevenção de complicações.
Entre os desafios listados pelos autores estão o recrutamento e retenção de médicos com formação adequada ao provimento de serviços de APS e a formação das Redes de Atenção à Saúde como instrumento de integração dos serviços de APS aos demais níveis de atenção.
Segundo os autores, o Programa de Saúde da Família do Brasil pode ser considerado como o exemplo mundial mais impressionante de um sistema de atenção primária integral de rápida expansão e boa relação custo-efetividade. Entretanto, a história de sucesso da atenção primária em saúde do Brasil continua pouco compreendida e ainda fracamente difundida ou interpretada para outros contextos.

Acesse o texto traduzido na íntegra.PSF no British Medical Journal (55.82 kB) 

Os autores iniciam o texto com um breve resgate histórico da reforma do setor Saúde no Brasil e relatam os avanços na saúde pública nos últimos 15 anos. Embora tais resultados reflitam avanços em todo o sistema de saúde, há evidência para indicar que o alicerce destes resultados positivos seja o Programa de Saúde da Família.
Os autores Matthew Harris (Kings College London) e Andy Haines (London School of Hygiene and Tropical Medicine) publicaram em novembro de 2010 um editorial na British Medical Journal relatando os desafios e os resultados positivos alcançados pelo Programa de Saúde da Familia.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O preço de não escutar a natureza - Leonardo Boff

O preço de não escutar a natureza - Leonardo Boff

O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre  imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam  frequentemente deslizamentos fatais.
Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.
A causa principal deriva do modo como costumamos tratar  a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.
Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.
Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos  meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam. Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água.  Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem  se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.
No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas.  Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e  morar.
Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser  de cada encosta, de cada vale e de cada rio.
Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário  teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.

Rede de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde

Rede Entrevista

James Macinko
12/01/2011

Quais são os aspectos que você considera positivos e negativos ou que poderiam ser aprimorados no sistema único de saúde brasileiro?   

A pergunta é importante e muito abrangente. Para mim, sobretudo alguém que vem dos EUA onde não temos sistema único de saúde, não temos o SUS. Para mim, a existência do SUS é uma coisa que me inspira muito. Todo o processo de desenvolvimento do SUS, todo processo de participação social, na criação e na construção contínua do SUS. Acho que é uma coisa maravilhosa. É uma reflexão da própria sociedade brasileira que busca uma melhora nas condições de vida e também é uma ênfase na responsabilidade do cidadão, na sua participação e do Estado nos serviços necessários pra que todos possam se desenvolver.

O que você acha importante e que poderia ser aprimorado?   

Uma coisa que já vimos em várias pesquisas e que necessitam de debates e apresentações. Não é uma coisa que praticamente deva acontecer somente com o Brasil, mas é essa ênfase que continua nos cuidados agudos e nos cuidados hospitalares. Também há uma grande ênfase nos gastos do SUS que vão para os serviços mais especializados. Acho que com uma melhor distribuição de recursos, poderiam ter melhorias mais importantes pra população do Brasil.  

Você acha que com os recursos que já dispõe poderia fazer mais?

Acho que poderiam ser mais bem distribuídos. Isso não quer dizer que tenha que acabar com os outros, com certeza, precisa de todos os tipos de serviços. Precisa de um balanço equilibrado.

Quais são os avanços que você vê na área de APS no Brasil?

Bom, como já falei várias vezes, a área de APS no Brasil virou referência mundial. Por quê? Porque tem uma parte forte que é técnica. Se você quer que as pessoas usem uma atenção primária tem que atender os planos que eles têm. Começa com os problemas, por que, de fato, as pessoas procuram os serviços porque tem problemas. Uns com problemas mais sérios outros com problemas mais facilmente atendidos. Mas quando você começa trabalhando com os problemas, você vai aprendendo as necessidades do povo, da comunidade. Essa combinação da possibilidade de atender aos problemas da população e começar trabalhar a gradativamente com outros fatores que afetam a saúde da população por meio das ações comunitárias, nesse aspecto de visitas domiciliares, por exemplo. Eu sonho com uma coisa dessas nos EUA. Muitos americanos se quiserem fazer um exame de controle normal com meu médico de família, às vezes tenho que esperar 3, 4 ou 6 meses mesmo pagando quase 150 dólares por mês para o plano de saúde e o meu empregador na cidade paga ainda mais. É sempre interessante quando se compara o que você tem com o que os outros têm. Todo mundo acha que sua situação é pior, mas, às vezes, quando se compara com outro, não é tão ruim. Então, a APS pela construção da SF pela composição das equipes pela possibilidade de tratar nessa área de Atenção Primária, mas ir além da Atenção Primária e trabalhar mais com os comportamentos da saúde. Acho que isso é que é a coisa mais interessante de ter como modelo. 

Pra você, qual a importância da APS dentro do contexto sistema de saúde?
Precisa de um sistema de saúde que tenha vários componentes, mas acho que há várias evidências mostrando que um sistema de saúde que tem como base a Atenção Primária e em que o centro do sistema é a Atenção Primária funciona melhor. Isso não quer dizer que não precise de outros, precisa sim, mas é a própria APS que coordena. Existem vários exemplos, sobretudo na Europa, que mostra que tem melhorias na eficiência, na eficácia e na efetividade do sistema. A própria APS pode funcionar, pode jogar seu papel fundamental. Muitos sistemas de saúde no mundo não deixam que a APS jogue esse papel e, por isso, acho existem muitas opiniões sobre a validade da APS que vem mais de uma falta de experiência com uma boa APS do que uma crítica de um conceito em si.

Qual a importância que você vê nas metodologias de avaliação nos serviços de sistemas de saúde?

Cada vez que há um sistema complexo como a organização de um município, como a organização de uma rede eficiente de saúde, não existe uma pessoa ou um grupo de pessoas que possa dar conta de tudo o que acontece. Precisa de informação, precisa de dados, dados concretos para saber onde está e para onde quer ir. Qual é a brecha entre as duas coisas? Isso é a chave da gestão. E também é a chave da ciência que, em minha opinião, esse processo de monitoramento, gestão, avaliação. Isso é uma ciência. É uma ciência porque de fato há teorias, tem que ser testado, tem que coletar dados, tem experimentos e várias outras abordagens que vem da própria ciência. Por isso que ter mecanismos e ferramentas válidas é fundamental. Não se faria astronomia sem as ferramentas apropriadas. E como chegamos lá? É uma história de um cenário de anos de desenvolvimento das ferramentas apropriadas, as técnicas, as ciências, as medidas e tudo isso. E estamos chegando aí com a área de saúde. Claro que há uma parte médica que tem um pouco mais tempo de desenvolvimento, mas a parte da avaliação a parte da gestão é uma ciência muito nova. Acho que por agora fazemos o melhor possível com o que já temos. Acho que ferramentas como o PCATool é um avanço porque de um lado foram validados e respondem não a opinião das pessoas, mas refletem numa avaliação da experiência das pessoas que trabalham no sistema e também a dos usuários dos serviços foram validados. Eu também achei em vários países (estava no Uruguai no mês passado) e achamos que as pessoas do parlamento, os médicos, o pessoal da escola de medicina, os alunos e todos entenderam intuitivamente o que queria dizer as medidas do PCATool e essa parte da ciência é validada com um entendimento intuitivo. Eu acho que é a magia que vem desse tipo de ferramenta.


Com a criação da rede de pesquisa criou-se um canal de comunicação e articulação entre os pesquisadores, profissionais e usuários.
Em sua opinião, qual será a maior contribuição para seus participantes?

Eu acho que é partindo de experiências. O que é mais importante? É claro que há algumas questões macros como financiamento, avaliação de políticas públicas que são fundamentais, mas, de fato, tem menos dessas questões que questões cotidianas, do dia a dia. Como melhorar a prática, como enfrentar vários problemas operacionais. Então, essa continuidade de aprendizagem, essa continuidade de práticas é fundamental para isso. Dentro da REDE, eu imagino que os cadastrados vão valorizar muito esse conhecimento. Mas acho que precisa de um jeito de sistematizar um pouco, de como compartilhar essas experiências. Acho que já existem algumas outras comunidades de práticas que já sistematizaram um mecanismo de compartilhar experiências. Ao invés de só fazer uma conta às vezes precisa de uma coisa mais sistemática. Eu acho importante que essa REDE tenta ir além da REDE. Já foi dito várias vezes durante esses dias que já somos os crentes... Já cremos nesse sistema. Isso é importante, convencer os outros. Como convencê-los? Exatamente com essas experiências. As experiências pessoais falam muito mais que qualquer pesquisa com quaisquer números. O que eu aprendi falando com pessoas que tentam influenciar o sistema é que o que eles querem é uma estória de alguém, uma coisa bem específica de como a APS funcionou, como resolveu um problema, como a experiência de alguém na equipe de saúde família, por exemplo, como foi essa experiência positiva. Eu preciso de uma articulação entre os pesquisadores na REDE e a cultivação de contatos na mídia, com as pessoas que fazem reportagens para revistas de saúde tampouco, com aqueles que trabalham com os grandes empresários como O Globo etc. Quantos dessa lista o pessoal da REDE conhece pessoalmente? Quantas vezes eles sentam com eles e compartilham essas experiências? Já sabemos que é muito fácil, pois se alguém tem uma experiência ruim já está na primeira página. Tem essa pesquisa do Romero que apresentou ontem que a APS melhorou o problema de desemprego em alguns lugares enquanto, no meu país, isso seria primeira página. Então, há um desconect entre o que acontece, o saber e o conhecimento que essa REDE tem e a comunicação dela. Não quero dizer que eles não se comunicam, comunicam muito bem, mas tem outro passo que é tentar garantir que esses resultados fiquem lá na primeira página e isso, provavelmente, precise de uma estratégia de comunicação de largo prazo, de criação de relações com os jornalistas, os periódicos, os jornais pra cambiar um pouco como é mostrado o SUS e, sobretudo, a APS.  


Você teria alguma dica, alguma idéia ou diferencial que caracterize algum pensamento seu sobre a Atenção Primaria em Saúde que você gostaria de mencionar aos que estão se dedicando a essa área?

Como disse, e digo muitas vezes, que a APS é uma área que é instigante, que merece ser mais bem estudada e é uma área legítima de estudo. Em muitos países há pessoas que se especializam em investigação em serviços de saúde. Acho que aqui no Brasil é uma coisa mais nova. Não tem, até eu saber, um doutorado, por exemplo, em investigação em serviços de saúde, mas em outros sistemas, em outros países, tem. Isso pra mim, de fato, é uma área legítima. É uma área que dá muito prazer, satisfação e é um vínculo entre a parte teórica e, eu diria a parte quantitativa e qualitativa porque você tem que traduzir todos os resultados em exemplos que as pessoas possam entender. Então, para qualquer pessoa que queira trabalhar nessa área como prestador de serviços, enfermeiro, médico ou agente comunitário de saúde primeiro tem que saber as pessoas que valorizam o trabalho que faz, mas para pessoas que querem estudar isso, eles têm que também saber que existe todo um mundo e que eles vão fazer parte dessa outra comunidade que vai além do Brasil que engloba e que, de fato, faz uma comunidade mundial.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Dia Nacional da Fotografia

Dia Nacional da Fotografia

Dia Nacional da Fotografia

Fotos que marcaram a história

A agonia de Omayra
Omayra Sanchez foi uma menina vítima do vulcão Nevado do Ruiz durante a erupção que arrasou o povoado de Armero, Colômbia em 1985. Omayra ficou 3 dias jogada sobre o lodo, água e restos de sua própria casa e presa aos corpos dos próprios pais. Quando os paramédicos de parcos recursos tentaram ajudá-la, comprovaram que era impossível, já que para tirá-la precisavam amputar-lhe as pernas, e a falta de um especialista para tal cirurgia resultaria na morte da menina. Omayra mostrou-se forte até o último momento de sua vida, segundo os paramédicos e jornalistas que a rodeavam. Durante os três dias, manteve-se pensando somente em voltar ao colégio e a seus exames e a convivência com seus amigos.
O fotógrafo Frank Fournier, fez uma foto de Omayra que deu a volta ao mundo e originou uma controvérsia a respeito da indiferença do Governo Colombiano com respeito às vítimas de catástrofes. A fotografia foi publicada meses após o falecimento da garota.
Muitos vêem nesta imagem de 1985 o começo do que hoje chamamos Globalização, pois sua agonia foi vivenciada em tempo real pelas câmaras de televisão de todo o mundo.

A menina do Vietnã
Em 8 de junho de 1972, um avião norte-americano bombardeou a população de Trang Bang com napalm. Ali encontrava-se Kim Phuc e sua família. Com sua roupa em chamas, a menina de nove anos corria em meio ao povo desesperado e no momento, que suas roupas tinham sido consumidas, o fotógrafo Nic Ut registou a famosa imagem.
Depois, Nic levou-a para um hospital onde ela permaneceu por durante 14 meses sendo submetida a 17 operações de enxerto de pele.
Qualquer um que vê essa fotografia, mesmo que menos sensível, poderá ver a profundidade do sofrimento, a desesperança, a dor humana na guerra, especialmente para as crianças.
Hoje em dia Pham Thi Kim Phuc está casada, com 2 filhos e reside no Canadá onde preside a “Fundação Kim Phuc”, dedicada a ajudar as crianças vítimas da guerra e é embaixadora da UNESCO.

A menina Afegã
Sharbat Gula foi fotografada quando tinha 12 anos pelo fotógrafo Steve McCurry, em junho de 1984. Foi no acampamento de refugiados Nasir Bagh do Paquistão durante a guerra contra a invasão soviética. Sua foto foi publicada na capa da National Geographic em junho de 1985 e, devido a seu expressivo rosto de olhos verdes, a capa converteu-se numa das mais famosas da revista e do mundo.
No entanto, naquele tempo ninguém sabia o nome da garota. O mesmo homem que a fotografou realizou uma busca à jovem que durou exatos 17 anos. Em janeiro de 2002, encontrou a menina, já uma mulher de 30 anos e pôde saber seu nome. Sharbat Gula vive numa aldeia remota do Afeganistão, é uma mulher tradicional pastún, casada e mãe de três filhos. Ela regressou ao Afeganistão em 1992.

O beijo do Hotel de Ville
Esta bela foto, que data de 1950, é considerada como a mais vendida da história. Isto devido à intrigante história com a que foi descrita durante muitos anos: segundo contava-se, esta foto foi tirada fortuitamente por Robert Doisneau enquanto encontrava-se sentado tomando um café. O fotógrafo acionava regularmente sua câmara entre as pessoas que passavam e captou esta imagem de amantes beijando-se com paixão enquanto caminhavam no meio da multidão.
Esta foi a história que se conheceu durante muitos anos até 1992, quando dois impostores se fizessem passar pelo casal protagonista desta foto. No entanto o Sr. Doisneau indignado pela falsa declaração, revelaria a história original declarando assim aquela lenda: a fotografia não tinha sido tirada a esmo, senão que tratava-se de dois transeuntes que pediu que posassem para sua lente, lhes enviando uma cópia da foto como agradecimento.
55 anos depois Françoise Bornet (a mulher do beijo) reclamou os direitos de imagem das cópias desta foto e recebeu 200 mil dólares.

O beijo da Time Square
O Beijo de despedida a Guerra foi feita por Victor Jorgensen na Times Square em 14 de Agosto de 1945, onde um soldado da marinha norte-americana beija apaixonadamente uma enfermeira. O que é fora do comum para aquela época é que os dois personagens não eram um casal, eram perfeitos estranhos que haviam acabado de encontrar-se.
A fotografia, grande ícone, é considerada uma analogia da excitação e paixão que significa regressar a casa depois de passar uma longa temporada fora, como também a alegria experimentada ao término de uma guerra.

O homem do tanque de Tiananmen
Também conhecido como o “Rebelde Desconhecido”, esta foi a alcunha que foi atribuido a um jovem anônimo que se tornou internacionalmente famoso ao ser gravado e fotografado em pé em frente a uma linha de vários tanques durante a revolta da Praça de Tiananmen de 1989 na República Popular Chinesa.
A foto foi tirada por Jeff Widener, e na mesma noite foi capa de centenas de jornais, noticiários e revistas de todo mundo. O jovem estudante (certamente morto horas depois) interpôs se a duas linhas de tanques que tentavam avançar. No ocidente as imagens do rebelde foram apresentadas como um símbolo do movimento democrático Chinês: um jovem arriscando a vida para opor-se a um esquadrão militar.
Na China, a imagem foi usada pelo governo como símbolo do cuidado dos soldados do Exército Popular de Libertação para proteger o povo chinês: apesar das ordens de avançar, o condutor do tanque recusou fazê-lo se isso implicava causar algum dano a um cidadão(hã hã).

Protegendo a cria
Uma mãe cruza o rio com os filhos durante a guerra do Vietnã em 1965 fugindo da chuva de bombas americanas.
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Fonte: Metamorfose Digital